quarta-feira, abril 26, 2006

16- PAIXÃO

A primeira paixão... Ah... a primeira paixão!!!
Tinha por volta de 8 anos e freqüentava a igreja, onde também freqüentava a minha primeira paixão: cabelos claros e lisos, robusta sem ser gorda, alegre, um ano mais velha (na minha idade era um tempão), simpática, minha amiga, prima de um grande amigo... caramba!!! Que sufoco, esconder tudo no peito e só admirar cada gesto, cada olhar, cada palavra...
O tempo passou, mudamos; eu de bairro, ela, de cidade. Adolescentes, recebi a noticia da morte da sua avó, e meu pai iria ao enterro. Dei um jeito e fui também.
Encontrei-a no cemitério, triste e chorosa. Pus-me a seu lado, segurei sua mão, e não disse muita coisa. Assim que o caixão começou a ser coberto pela terra jogada pelos coveiros, ela quis dar uma volta. Saímos pelas alamedas do cemitério, um daqueles cheios de túmulos, lado a lado, sem nenhum atrativo. Caminhamos em silêncio, mãos dadas. Depois de um tempo começamos a conversar sobre nossas vidas, o que cada um fazia, etc. Ela voltava a chorar um pouco, e eu a abraçava, e a deixava chorar no meu ombro.
Voltei pra casa tão deslumbrado com a experiência, que não consegui me aquietar a não ser depois de escrever um pequeno poema sobre o reencontro e meu sentimentos (“Depois que te vi...” começava).
Passamos a nos escrever vez ou outra. Fui visitá-la numas férias, com minha irmã e uma outra amiga. Percebi que não seríamos mais do que amigos do passado. De qualquer forma, valeu. Aquele sentimento bonito e ingênuo ficou registrado no peito.

Um comentário:

Lou H. Mello disse...

Não sei qual foi, exatamente, a minha primeira. Mas, sofri muito na adolescência com as paixões, se bem me lembro. Demorou muito até conseguir sintonizar tudo em seu devido lugar. Ainda bem que sua experiência foi positiva. Melhor assim.