quinta-feira, dezembro 28, 2006

57- NATAL COM NEVE !!!

No Brasil a neve é caso raro, raríssimo, digno de sair no noticiário nacional da televisão. Então, quando fui aos EUA como intercambista, esperava ter a chance de ver neve, muita neve. Mas a deliciosa Salisbury, pequena e agradável cidadezinha onde morei não tinha neve com frequência. Nevava, sim, todo inverno, mas apenas em alguns dias e em pequeno volume.

Assim, quando o inverno chegou, comecei a acompanhar o noticiário meteorológico pra ver se anunciavam alguma nevasca... nada! Os dias se passavam, o fim do ano foi chegando, as temperaturas cada vez mais congelantes (para os meus padrões, pelo menos), mas nada de neve. Até que chegou o Natal.

Na noite de Natal fomos à igreja, para uma bela e tocante cerimônia com muita música natalina, e depois tivemos um deliciosa ceia. Lá pelas dez horas da noite, alguém entra em casa, vem me dizer que estão caindo alguns flocos de neve !!! Saí pra varanda e me assombrei com o espetáculo que davam os pequeninos flocos brancos caindo na noite. Foi legal demais!!! E melhorou, pois a neve caiu mais forte e, em pouco tempo cobria o chão o suficiente para sairmos com os “sledges” – pequenós trenós – com os quais descíamos a rua em ladeira onde morava uma amiga. Foi uma noite inesquecível por mais de um motivo. Eu finalmente sabia o que significava “White Christmas”.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

56- SORVETE MAIOR QUE A FOME

Poucas eram as nossas chances, morando no interior de SP e com filhos pequenos, de freqüentarmos teatro e cinema. Mas os filhos cresceram, e tentávamos aproveitar as chances que apareciam.

Assim, quando familiares de SP avisaram que estavam programando ir ao teatro, pedimos que nos incluíssem também.

Tivemos de sair cedo para S. Paulo, o teatro ficava próximo ao centro e o trânsito exigiria paciência e tempo. Além disso, não permitiam atrasos. Por garantia, saímos cedo.

Chegamos a tempo de estacionar, achar o pessoal, cumprimentar todos, saber as últimas novidades e logo fomos para nossos lugares.

A peça foi realmente muito, muito boa e terminou perto das 10 h da noite. Eu e Elaine estávamos famintos. Na família, todos haviam jantado e a proposta de tomar um sorvete e um café venceu.

Fomos para uma famosa sorveteria e o menu destacava o fato de prepararem “a maior taça de sorvete da cidade”. Elaine e eu nos olhamos, a fome bateu forte e pedimos essa taça (uma só para os dois!), enquanto todos pediam sorvetes simples.

A taça chegou, e não a achamos grande coisa - oito bolas, oito coberturas, farofa e canudinho crocante - parecia o que precisávamos para matar a fome.

Com o tempo, percebemos que o sorvete era muito maior do que imaginávamos. Todos acabaram suas taças, tomaram café e batiam papo esperando por nós... e haja sorvete!

Já no fim, a taça se tornara intragável. O sorvete derretera, misturando-se com as coberturas, fazendo um melado dulcíssimo, de arrepiar.

Desistimos e um dedo deste melado ainda ficou no fundo da taça. Saímos estufados e enjoados, de volta pra casa.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

55- FORDINHO BOM DE SONO

Aos cinco, seis, anos de idade, meus avós paternos moravam “no outro lado da cidade”, um percurso de mais hora em nosso “Fordinho 33”. Para lá íamos freqüentemente, aos domingos, depois da igreja, almoçar com os avós e passar a tarde. Eu gostava da casa dos meus avós. Ficava num bairro tranqüilo e bem urbanizado da São Paulo dos anos 50. Meus primos apareciam também por lá e tínhamos chance de brincar pra valer.

Mas no caminho para lá, o balanço do calhambeque, seu barulho contínuo, o calor do meio dia e a falta do que fazer me “sonavam” e eu acabava dormindo profundamente.

Meus pais sabiam que eu acordaria logo, com fome, e por isso deixavam-me dormir só, no carro, quando chegávamos, enquanto o almoço era preparado.

Então eu acordava. Ao longe, vez por outra o som de um carro que vinha e ia quebrava o tranqüilo silêncio do bairro. Havia também o canto de pássaros nas árvores que faziam sombra no carro. E havia paz. Uma paz que me penetra a pele até hoje, ao recordar aqueles dias.

Creio que nunca senti uma solidão tão tranqüila e pacífica como naqueles domingos de sono dentro do “fordinho” do meu pai.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

54- FESTA PARA CRIANÇA

O “Dia da Criança” é, depois do Natal e do aniversário, a data mais esperada e querida pelas crianças. E nós, da recém criada SEMEAR – Secretaria Municipal da Criança e do Adolescente de Sorocaba (1993) – queríamos tornar aquele dia inesquecível para as crianças da cidade.

O chefe (Secretário da SEMEAR) pensou numa festa pra muita gente, com muitas atrações, entrada gratuita, um evento pra ficar na história da cidade. Convenceu o prefeito a fazer um grande evento, com financiamento privado, e mobilizou toda a equipe em torno deste objetivo (in)comum.

Trabalhamos pra caramba, fomos de empresário em empresário, com o chapéu na mão, arrecadando fundos para a festa, enquanto outros procuravam os grandes nomes do “show biz”, convidando-os para participar, sem cobrar, da nossa festa. Durante muitos anos guardei o “relatório financeiro” deste “caixa 2” do bem, com medo de ser acusado de alguma ação desonesta.

Ao final, conseguimos ninguém menos que os Trapalhões e a dupla infantil (na época) “Sandy e Jr.” para se apresentarem “na faixa”, além de pára-quedistas e outras atrações.

No dia, trabalhamos das 5 horas da manhã até o final da noite. Algo como 20 mil pessoas lotaram o estádio municipal para ver aqueles astros. Foi uma canseira!

Quando tudo acabou, estávamos felizes e exaustos com o que havíamos conseguido; prometemos uns aos outros nunca mais entrar numa “fria” como essa, mas... No ano seguinte, lá estávamos, desta vez com o apoio da Rede Globo, fazendo uma “Festa para Criança” diferente, mas igualmente excitante e exaustiva.