sexta-feira, abril 27, 2012

Não tô aqui, mas tô lá

Você pode me encontrar, de vez em quando no meu blogue http://rubensosorio1.blogspot.com
Te vejo lá!
Um abraço
Rubens Pires Osorio

terça-feira, outubro 23, 2007

Dois em um

Depois de mais de 100 postagens neste "O Tempo Passa" e 250 na "Salada Mista", chegou a hora de unir os dois.
Assim, a partir de hoje, com apenas um clique em "Rubens Pires Osorio" você terá acesso tanto às minhas memórias e "causos", quanto às minhas reflexões, reclamações, e reações cotidianas.
Os posts antigos continuarão disponíveis nos dois blogs.
Convido-os a continuarem me visitando, comentando e prestigiando este humilde blogueiro que vos escreve. Até !!!

91- CHUVA EM VERSAILLES


Paris é uma festa, diz o ditado. Realmente a cidade tem atrações maravilhosas – o Louvre, a torre Eiffel, o rio Sena – é tudo muuuito lindo!

Elaine e eu tentávamos a impossível tarefa de ver tudo em quatro dias. Saímos cedo do hotel e pegamos o trem em direção ao famoso Palácio de Versailles, que fica fora dos limites da cidade. O céu azul e o brilho do sol prometiam um dia agradável para um passeio ao ar livre.


Lá, dirigimo-nos ao imenso jardim, uma verdadeira obra de arte em forma de folha e flor. Paramos junto a uma simpática fonte para o lanche do meio-dia. Retomamos o passeio. Foi quando percebemos que nuvens negras se aproximavam. Procuramos onde nos abrigar e percebemos que o melhor seria voltar para o palácio. Mas... não deu. Antes de chegarmos a uma área coberta, os céus desabaram sobre nossas cabeças, como diria Asterix, o gaulês.

Foi um sufoco, tentando proteger a máquina fotográfica com meu agasalho de nylon, acabei deixando todo o resto à mercê dos grossos pingos de água que desciam. Junto com a chuva, um vento forte que nos molhava de cima a baixo e de baixo pra cima. Pra piorar, na corrida para achar um abrigo, o vento arrancou-me o chapéu. Tive que correr atrás dele.

Finalmente, ensopados, chegamos a um bom abrigo. Lá tentamos nos secar um pouco e esperar a chuva passar, para poder voltar a Paris.

Que passeio !!!

quinta-feira, outubro 11, 2007

90- PHEBO

Meu avô usava o sabonete Phebo. Ele morreu com mais de 90 anos, quando eu estava com vinte e poucos. Uma lembrança forte e aromática que tenho dele é do perfume de sabonete Phebo que ele usava. Não era um sabonete popular. Era caro, tinha uma cor escura, esquisita. Pouca gente usava. Meu avô gostava. E eu, gosto porque me remete a ele. Não era um homem muito aberto, extrovertido, pelo contrário. Era severo. Os filhos pediam "a bênção", beijando-lhe a mão. Ele usava chapéu de lã e paletó escuro. E tinha alguns costumes interessantes. Comia goiaba picada num prato fundo com leite. Bebia um copo de vinho tinto a cada refeição. Como ele morava em Santos, sua casa significava, pra mim, férias na praia. Eu adorava.
Vô Marcílio era médico. E farmacêutico. E dos bons nas duas coisas. Nunca ficou rico. Tinha certa dificuldade com dinheiro e exercia a medicina para ajudar as pessoas, não para enriquecer. Seu pacientes o admiravam. Ganhava sempre muitos presentes: caixas de uva, garrafões de vinho, doces e compotas, lenços e meias.
Mas o que eu mais lembro é do cheiro de sabonete Phebo que ele exalava depois do banho. Huummm...

terça-feira, outubro 09, 2007

89- SIGLAS AOS MONTES

Brasileiro tem mania de sigla. Até pra nome inventam sigla, por exemplo, FHC – nome de presidente da república! E no estado do Rio Grande do Norte, o clássico do futebol é entre duas siglas, times conhecidos pela sigla e não pelo nome.
Eu tive algumas siglas importantes na vida – instituições que me ajudaram muito em fases distintas e que pude, suponho, ajudar também.
A primeira, UEB, é a União dos Escoteiros do Brasil. Dos dez aos 16 anos, participei ativamente, primeiro como “lobinho” e depois “escoteiro” do Grupo Escoteiro Umuarama, em S. Paulo. Foi um período excepcional, cheio de aventuras, aprendizado e companheirismo. Tanto as reuniões regulares aos sábados à tarde, quanto os ansiosamente aguardados acampamentos foram fundamentais para minha formação moral e social. Anos depois, em Sorocaba, pude oferecer a mesma oportunidade a meninos e meninas do grupo escoteiro que ajudei a fundar e dirigir, o G. E. “Tropeiros de Sorocaba”.
O intercâmbio que fiz pela AFS – American Field Service - foi um marco na minha vida, um ano fundamental. Minha primeira viagem internacional, primeiro ano longe de casa – e dos pais -, primeiro choque transcultural. Considero-me parte, até hoje, da família Frank e cidadão do estado da Carolina do Norte, EUA. Lá empenhei-me em organizar, na minha escola, o AFS Club, que existe ainda.
ABU significa Aliança Bíblica Universitária, e foi ela que, além de me oferecer um apoio fundamental num momento crítico como universitário, deu-me a preciosa oportunidade de conhecer a Elaine. Minha vida universitária foi rica em descobertas e coisas boas, muito por obra e graça da ABU. Dois anos depois de formado, tornei-me membro de seu staff para me envolver com um projeto muito lindo chamado Diaconia. Em resumo, a equipe deste projeto dava apoio e orientação aos universitários que se envolviam em ações de desenvolvimento comunitário em várias regiões do país.
Depois vem a ACM, nem de perto nada semelhante ao famigerado coronel da política baiana, é, de fato, a sigla da Associação Cristã de Moços, também conhecida como YMCA. Com mais de 150 anos e presente em todo mundo, ela é responsável por um bocado de coisa boa que aconteceu neste mundo – desde a invenção do basquete, do volei, do futsal até um de seus fundadores (Henry Dunant) ser o primeiro ganhador do Prêmio Nobel da Paz por ter instituído a Cruz Vermelha. Foi na ACM em S. Paulo que eu aprendi a nadar, e foi para ela, em Sorocaba, que eu trabalhei por cinco anos na formação técnica dos futuros executivos da organização, provenientes de vários países: Portugal, Angola, Peru, Chile, Bolívia, Colômbia, Panamá, Paraguai e de vários estados brasileiros.
Não tenho tido contato com estas instituições. Sei que elas continuam atuantes e fortes. Tenho a esperança de ter retribuído de alguma forma um pouco do muito que recebi na infância e adolescência.
UEB, AFS, ACM e ABU. Quatro siglas num mundo recheado delas. Para mim, entretanto, são especiais...

terça-feira, outubro 02, 2007

88- FRASES...

Eliseu foi meu melhor amigo. Além dele, tinha meus primos,mas estes eram "família", não contam. Então era o Eliseu.

Apesar de gostarmos de brincar juntos e inventar mil coisas diferentes para fazer, ele e eu não tínhamos muita coisa em comum, não. Eu mal tocava o “bife” e ele era exímio pianista. Eu gostava de futebol, ele preferia o basquete. Eu lia sem parar, ele ouvia música e pouco lia. Ele era de família abastada, eu, filho de pastor protestante – naqueles tempos, sinônimo de vida difícil – não tinha nem um décimo dos brinquedos que ele tinha. Por essa razão, os encontros eram sempre na casa dele. E nos dávamos muito bem, a ponto de não me lembrar de ter brigado sério com ele jamais.

Mas não me esqueço das muitas horas, alegres, divertidas, nas quais aprontamos juntos tantas brincadeiras.

Uma das coisas que inventamos foram frases de efeito. Uma delas era: “mas porém todavia contudo entretanto...” que iniciava uma sentença de oposição.

Outra, mais elaborada, unia gírias daquele tempo e mais antigas. Quando queríamos manifestar entusiasmo por alguma coisa, dizíamos: “legal pra caramba à bessa às pencas pra xuxu às baldas”. E ríamos de nossas próprias bobagens.

Começamos a nos distanciar quando a adolescência chegou e as meninas começaram a ocupar nosso tempo. Depois, a vida universitária levou cada um para um canto. Não sei mais dele... mas sei que aqueles tempos foram “legais pra caramba à bessa às pencas pra xuxu às baldas”!!! A ele devo muito da felicidade que curti na infância e adolescência.

Eliseu, à você, meu irmão!!!

terça-feira, setembro 25, 2007

87- MEIA DÚZIA DE DOIS OU TRES...

Aos doze, treze, quatorze anos de idade, é muito difícil levar a vida a sério. Levar os estudos a sério então, impossível. Mas eu era bom aluno, sempre entre os “five top” da minha classe, no Ginásio Mackenzie, de aproximadamente 40 alunos, todos do sexo masculino.

Depois do segundo ano juntos, os colegas tornam-se amigos e mais – cúmplices. Era complicado para os professores nos controlarem.

Havia um, professor de português, que dava aulas há muito tempo. Para nós, era um velho. Provavelmente não. Devia ter uns quinze a vinte anos de carreira e estar ne meia idade. Mas era meio ranzinza, isto ele era. Dava broncas, mandava alunos para a sala do diretor, era severo nas notas. Gostava de mandar quem fazia gracinhas para o “quadro negro” e então fazia perguntas difíceis só para desmoralizar o coitado. Freqüentemente, o aluno tentava, inutilmente, pensar numa resposta e rapidamente o professor ralhava: “Vamos, lerdão!”. E dava um sorrisinho de quem havia, também, dito uma “gracinha

Quando passávamos dos limites, ou aprontávamos alguma, ele nos punha de castigo, dando-nos um longo discurso de repreensão. Ao perceber que tinha exagerado nas críticas à classe, ele tentava consertar dizendo: “A turma não é ruim, não. É só uma meia dúzia de dois ou tres que estragam...” Frase que nunca me esqueci.

terça-feira, setembro 18, 2007

86- "PHD" !!!

No final do século XX, o secretário de saúde de minha cidade convidou-me para dar uma palestra para seu “staff”. Dias depois, ele me convidou para fazer parte de sua equipe de assessores! Senti-me lisonjeado pelo convite, e aceitei. Embarquei de cabeça nos assuntos de saúde, e por dois anos e meio dediquei-me a ajudar o desenvolvimento do sistema de saúde pública da minha cidade. Foi bom, muito bom, mas... sempre tem um “mas”, não é?

Paulatinamente fui-me distanciando do secretário, enxergando, com outros membros do “staff”, um caminho para a saúde pública que o secretário não via, ou não queria ver. Aliada a um centralismo gerencial, a falta de delegação, certa superficialidade no trato de assuntos importantes, e dificuldade em trabalhar em equipe, essa distância tornou difícil o trabalho. Mas eu era teimoso, não queria desistir e o secretário parecia disposto a me manter.

Ao final do primeiro mandato, não me envolvi ativamente na campanha eleitoral; o prefeito foi reeleito e vislumbrou-se uma chance de se livrarem de mim: a mudança da equipe do prefeito em função da nova distribuição política do poder municipal. Em vez de me chamar e pedir minha demissão, tal como tinha feito quando me contratou, foi um auxiliar do prefeito que me convocou ao gabinete e me demitiu, no meio do dia, sem me dar prazo para entregar o cargo, organizar os documentos, deixar tudo preparado para quem fosse me substituir. Deu a impressão que eu era um elemento perigoso, que poderia causar prejuízo se ficasse ali um dia a mais.

Ao despontar do novo século, tornei-me um “phd”: por hora desempregado!!!