quarta-feira, janeiro 31, 2007

61- SALVA VIDAS SEM QUERER

Uma das melhores coisas do acampamento da PV (Palavra da Vida) no verão era poder nadar na “semi” piscina: parte do lago havia sido preparado como uma piscina, com trampolim, borda de um lado e um acesso em rampa com areia de outro (a “prainha”). Mas a água continuava a ser a do lago: limpa, porém amarelada de argila, não dando muita visibilidade debaixo d’água.

Adorava o trampolim. Minha diversão favorita na piscina: pular do trampolim, nadar até a borda, subir para o trampolim e mergulhar novamente.

Uma tarde, quando me preparava pra mergulhar, dando saltos sobre o trampolim para pegar mais altura, ouvi uma voz meio nervosa gritando o meu nome. Saltei, tentando identificar quem me chamava e vi que a pessoa, à beira da piscina, apontava pro meio dela. Afundei na água e ao voltar a tona, olhei para onde ela apontava... e não vi nada. De repente, surgiu a cabeça de um moleque da minha idade, debatendo-se lentamente. Nadei com cautela até ele, temendo que fosse alguma “aprontação” pra cima de mim. E o garoto continuava a subir e descer lentamente. Só quando cheguei bem perto, percebi que realmente precisava de ajuda. Afundei, dando a volta nele, subi por trás, agarrando firmemente o seu tórax com as duas mãos, e nadei com as pernas em direção à “prainha”. O rapaz estava bem, não tinha bebido muita água e logo se recuperou. E eu virei “herói”, sem querer e meio a contragosto.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

60- VERÃO QUENTE

Quando mudamos para Ribeirão Preto, passamos por um processo difícil de adaptação; acho mesmo que sem sucesso, pois acabamos nos mudando de lá também. Um dos motivos foi o calor excessivo, praticamente o ano todo, que minava as forças e a vontade (já pouca) de trabalhar. A sede, o cansaço e o suor eram constantes. E no inverno, a pequena queda da temperatura era anulada pelo cheiro horrível de cana-de-açúcar sendo cozida nas usinas de açúcar e álcool da região, o famoso “garapão”, ugh!

Durante um carnaval que passamos lá, recebemos a visita de uma cunhada e seu marido, ambos pouco mais novos do que nós, e sem filhos. Foram dias muito gostosos, com passeios, muito papo, comida e bebida. O que mais contribuiu, porém para nosso bem estar foi a piscina de armar das nossas crianças. Com 2 e 3 anos de idade, a piscina de montar que compramos pra eles era bem pequena, mas ótima para se divertir e refrescar.

Pois não tivemos dúvida, quando não estávamos passeando, sentávamos na piscininha, encostados cada um num canto dela e uma banqueta do lado de fora, onde ficavam a cerveja e os petiscos. Ligamos um som e passamos horas e horas no papo.

Para o observador externo, a cena era ridícula: 4 marmanjos naquela minúscula piscina de criança, mal cabendo nela, meio bêbados, meio moles de calor, falando da vida alheia, contando piadas, e sonhando com o futuro, todo ainda pela frente.

Na época, parecia que era uma opção pobre por falta de outra melhor. Agora, lembrando bem, creio que seria a melhor opção, mesmo que outras houvesse. Era felicidade...

sábado, janeiro 13, 2007

59- CISNE NEGRO... E BRAVO !!!

Estou, no momento em que escrevo, em Brasília, aonde não vinha há muitos anos. Uma das últimas vezes foi na década de 70, com um colega da empresa, a trabalho. Além do trabalho, reservamos algum tempo para visitar os grandes monumentos utilitários da capital brasileira: a Catedral, o Palácio do Itamaraty, o Palácio da Justiça, o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional. Neste último, ficavam os grandes cisnes que antes moravam no Palácio Rio Branco, no Rio de Janeiro, antiga sede do Itamaraty.
Impressionado pela beleza e tamanho dos animais, tentei me aproximar deles, oferecendo algum alimento, como prova de amizade, um pedaço de pão, talvez. Pra quê!!! Um bicho, em vez de me agradecer e comer o pão, esticou o longo pescoço, abriu as enormes asas e começou a investir pro meu lado. Fui me afastando, lentamente a princípio, e depois correndo pra longe do “lago” e do feroz animal. Pra diversão de todos os presentes, inclusive do meu colega, de quem tive que agüentar muitas risadas ainda.

sábado, janeiro 06, 2007

58- CONVERSA BOA... PRA VOVÓ DORMIR !

Vovó Ambrosina gostava de fazer crochê. Com 60 anos de idade e diabética, ela tinha sua movimentação restrita e, portanto, gostava de sentar numa cadeira de balanço enquanto a gente (eu e meus primos) brincava pelo chão da sala.
Era comum, também, percebermos, depois de algum tempo, que a vovó tava cochilando, o crochê no colo, a cabeça já reclinada na poltrona. Preocupados em não acordá-la, não por medo, mas porque a queríamos bem, começávamos a falar baixo, cochichando mesmo. Mas o nosso silêncio acabava acordando a vovó, que dizia com os olhos semi cerrados: "Não parem, meninos, continuem a conversa. Tá boa pra dormir... "