terça-feira, novembro 28, 2006

53- GUIADO POR OUTDOORS

Aos 12 anos, uma das minhas atividades preferidas era como escoteiro, nas tardes de sábado. Para chegar ao local das reuniões, tomava o ônibus. Assim também para ir à ACM (YMCA), duas vezes por semana, para jogar bola e nadar. Pegava o ônibus no bairro e ia ao centro da cidade. São Paulo não era pequena e eu era, o que a tornava maior. Era fácil se perder na cidade. Poucas esquinas tinham o nome das ruas em placas e as poucas existentes não ficavam exatamente à vista.

Por isso, fui obrigado a arranjar um meio de localizar-me na cidade, sob o risco de passar o ponto e acabar me perdendo. Sempre fui atraído pelos cartazes de propaganda e percebi que, mais do que distração, eles poderiam ser meu guia na cidade. Assim, quando andava pela cidade, a pé ou de ônibus, guiava-me pelos grandes painéis de propaganda para ir na direção certa, e nas placas menores, de indicação de lojas e comércio para achar a rua ou a esquina certa. Até hoje tenho a tendência a me referir a estes quando menciono algum local.

terça-feira, novembro 21, 2006

52- PRAGA DE PULGAS !!!

Morávamos numa boa casa, com chão de tacos de madeira, em Sorocaba. As crianças eram pequenas, tínhamos um gato e um coelho, que, acreditem, eram amigos! Tenho uma foto do gato dormindo ao lado do coelho, com sua pata abraçando-o. Verdade!

Pois bem, um dia voltamos ao entardecer de uma viagem de alguns dias e ao entrarmos na sala da casa, algo extraordinário aconteceu. O chão se movia!!!! Sim, uma leve sombra ondulava-se suavemente com nossos passos. Ao acender a luz da sala, qual não foi nossa surpresa e horror ao perceber que o chão estava repleto de pulgas saltitantes, querendo subir nos nossos pés e pernas. Tivemos que trepar no sofá para fugir delas.

Depois, aplicamos por toda a casa, dias seguidos, uma fina camada de um inseticida em pó, que era (e será que ainda é?) vendido em uma latinha redonda, para nos livrarmos de todas as pulgas. O interessante é que tanto o gato como o coelho não estavam infestados como seria de se esperar. A casa fechada por uns dias havia se transformado em estufa onde os insetos haviam se multiplicado sem sair dali.

Ainda arrepio quando lembro da cena!

terça-feira, novembro 14, 2006

51- CINDY SE DESPEDE !!!

Tinha acabado de chegar aos Estados Unidos pela primeira vez. Aos 18 anos, tudo era não só novidade, como incrivelmente excitante e um pouco amedrontador também.

A família hospedeira me levou para a praia, por uns dias, aproveitando o verão e “quebrar o gêlo”. Tudo estava bem.

Com meu “irmão” e um amigo dele, fizemos amizade na praia com algumas garotas. Ser estrangeiro facilitou o nosso contato com elas, pois ficaram interessadas em saber por quê, onde, como, o quê era o “Brazil”.

Cindy, uma delas, era muito alegre, animada, simpática. Gostavam de música e meu irmão americano tocava violão, o que permitia nos reunirmos na praia à noite para cantar e bater-papo. Quando estávamos à procura delas, costumávamos sair gritando em coro: “Ciiiiindyyyy!!!”, por pura diversão.

Chegou o dia de ir embora. Fomos à procura das garotas pra nos despedir. Trocamos endereços e números de telefone, promessas de escrever, ligar e nos encontrar em futuro próximo. Abraços, beijinhos; na hora de despedir-me da Cindy, ela me “tascou” um beijo na boca! Surpreso e agradecido, olhei pra ela, enquanto me dizia: “This is to remember Cindy! Ainda me lembro...

terça-feira, novembro 07, 2006

50 - MEU PÉ DE LARANJA LIMA

Fui um adolescente devorador de livros. Lia praticamente tudo que caía às minhas mãos, principalmente ficção – Francisco Marins, Conan Doyle, Azimov, Burroughs, Monteiro Lobato, Bradbury, etc – povoavam minha imaginação com aventuras impressionantes.

Uma das minhas atividades mais saborosas era passar pela Livraria Cultura, no edifício Copan da Av. Paulista e ler livros entre as prateleiras da loja, especialmente Asterix (que por ser “quadrinhos” lia rapidamente) e os “best sellers”, caros demais pra meu bolso e ainda não disponíveis na biblioteca onde minha mãe trabalhava, e de onde saiam os livros que lia.

José Mauro de Vasconcelos já era um sucesso editorial quando li seu primeiro “hit”. Não estava muito empolgado, pois me parecia ser uma literatura “água com açúcar”, mas confesso que estava curioso pra saber porque tal livro tinha tanto sucesso.

Lembro-me de ter entrado, uma tarde, no quarto de meus pais e visto o livro sobre a cômoda - algo comum, já que minha mãe era bibliotecária. Freqüentemente, ela trazia livros pra casa para conferir sua catalogação.

Com a intenção de só dar uma olhadinha, pra ver como era o estilo do autor, abri o livro e sentei-me à beira da cama. Passaram–se algumas horas e percebi que havia lido todo o livro, sofregamente, e que a emoção tomava conta de mim. Nossa, pensei, pode até não ser “alta literatura”, mas entendo a razão do autor ter tanto sucesso!

Li depois, outro livro do autor, mas o impacto não aconteceu. O sucesso também. Seja qual for o segredo, era desconhecido do próprio José Mauro.

Mas ler um livro numa “sentada” só, sem mesmo perceber, foi uma experiência incrível.