sexta-feira, junho 23, 2006

28- COPA DO MUNDO

Em 1958, com apenas 6 anos de idade, senti pela primeira vez o que é ser Campeão Mundial de Futebol no país do futebol.
A única coisa que me lembro, é a de estar brincando na rua – morava numa pequena rua sem saída na periferia de São Paulo – e ver um avião sobrevoar baixo a cidade, e as pessoas acenarem dizendo que eram os campeões mundiais que chegavam da Europa...
Em 1962, tentei ouvir alguns jogos, mas as rádios de ondas curtas eram horríveis de se ouvir, não tinha paciência e conformei-me em ver os documentários no cinema. Em 1966... esqueça 1966!!!
Mas em 1970... Ahhhhh!!! 1970 foi outra coisa. Inesquecível, inebriante, contagiante, foi tudo de bom. E eu, com 18 anos, bebi os jogos do Brasil pelos olhos e ouvidos como se bebesse o néctar dos deuses. E era.

segunda-feira, junho 19, 2006

27- CAPRIOTTI

A vida universitária é espetacular... pena que não percebamos isso quando somos estudantes. No meu caso, vários fatores contribuíram para torná-la inesquecível.
Confesso que o primeiro ano foi meio assustador. Ambiente, colegas, matérias, toda a minha vida revirada. A ponto de chegar para o meu pai, no fim do ano e dizer que se as coisas não melhorassem, iria desistir do curso.
Mas melhoraram. E muito. Por um lado, depois de familiarizado, a cidade universitária tornava-se um imenso campo de vivências novas e excitantes: shows, esportes, exposições, as próprias aulas, palestras, movimentos: tudo enriquecia, tudo absorvia, especialmente porque passava o dia no campus.
Fundamental para essa mudança de perspectiva sobre o curso e a vida no campus foi fazer parte da ABU (Aliança Bíblica Universitária). Proporcionou-me uma nova visão do meu papel ali na USP, uma nova visão do meu papel social (junto com a combativa, energética e crítica atuação política dos meus colegas de curso – a Geologia). Equilibrando-me entre o cristianismo engajado da ABU e o marxismo utópico da Geo, fui imensamente desafiado, encorajado, e preparado para a vida. Sem pieguismo, nem ceticismo exacerbados. Nem “penteca”, nem “libelu”.
O ponto alto de meu engajamento na ABU se deu com a descoberta do compromisso político e social cristão com os pobres. A organização de um projeto social composto por estudantes universitários para apoiar a comunidade carente de Capriotti (em Carapicuíba) foi o aprendizado prático e afetivo importante. Hoje mesmo, 30 anos depois, o projeto ainda existe, e pessoas que fizeram parte da primeira equipe universitária ainda são parte dele. E lembrar dele é perceber que ao estender a mão em solidariedade ao próximo, eu é que fui o mais beneficiado, com lembranças de pessoas e fatos que marcaram minha vida.
Sobre estes, escreverei depois.

quinta-feira, junho 08, 2006

26- DENTE QUEBRADO

Meus primos e eu gostávamos, aos 8, 9 anos de idade, de brincar de “luta” na imensa cama de minha avó. Sempre acabava com alguém machucando alguém, briga, choro, estas coisas de criança.
Pois bem, lá estávamos nós, brincando, quando um empurrão mais forte me derrubou dentro do guarda-roupa da avó, cuja porta estava aberta. Saí bufando e meu primo, esperto, escapuliu correndo pela casa, comigo no seu calcanhar. Logo ao entrar na cozinha, alcancei-o com braço em suas costas. Esse impulso, aliado à velocidade com que ele corria, foi o suficiente para que se esparramasse no chão, de boca, quebrando o dente da frente.
Na época não havia conserto, e por muitos anos seu sorriso me lembrava o que eu havia feito. Quando surgiu a tecnologia de reparadora, o alívio foi para ambos: ele pode voltar a sorrir sem problemas, e eu voltei a vê-lo sem remorso.

segunda-feira, junho 05, 2006

25- MACNUT

Nos idos da década de 80, comecei a me interessar pelo mundo dos computadores. Anunciavam o breve surgimento de micro-computadores, pequenos o suficiente para se ter no escritório, potentes o bastante para aposentar a calculadora, o arquivo de gavetas e a máquina de escrever. Quando finalmente surgiram, comecei a ler tudo o que podia sobre eles, e até comprei livros. Logo, o Basic, o DOS, o C:, o Lótus, e o DBase começaram a fazer parte do meu mundo. Mas não o computador. Além de caros, necessitavam conhecimentos que eu não possuía e minhas atividades profissionais na época não exigiam coisa tão sofisticada.No fim da década fui aos EUA a trabalho e tive contato com o Macintosh da Apple, o “computador à prova de idiotas”. Para se trabalhar com ele não era necessário conhecer a linguagem de computador, nem saber os princípios da programação como eram os computadores da época. Convivi 40 dias com um Mac e fiquei embevecido com as possibilidades. Era tão avançado em comparação com os enormes e lentos PC da época, que dizia-se que quem conhecia um Mac tornava-se fã: doido por ele (“Macnut”) Só não trouxe um pra cá porque a alfândega não permitia. Mas, junto com um amigo, conseguimos que um americano nos trouxesse um modelo “Classic”. Dividimos o custo meio a meio, e quando o americano chegou, fui buscar o Mac no Rio de Janeiro, de ônibus! A sensação que tive ao ligá-lo em casa foi a de ser proprietário de uma nave intergaláctica. Hoje, o “Classic” provocaria risos com seu monitor monocromático, ausência de CD, som estéreo, etc. Mas, quer saber, ainda sinto saudades do bichinho, nunca dava pau, era veloz e muito, muito simples de manusear. E por mais que digam que as diferenças hoje são mínimas entre um PC e um Apple, ainda sinto vontade de voltar a pilotar um. Quem sabe, um dia...

quinta-feira, junho 01, 2006

24- TRANSLATION, PLEASE!

Trabalhei para uma organização cristã universitária, nos anos 70, que mantinha relações com organizações congêneres de outros países. Assim, de vez em quando, nos reuníamos com alguns estrangeiros por diversos motivos. Certa vez participei de uma reunião com outras seis pessoas. Havia um inglês que falava português, inglês e espanhol; dois brasileiros que falavam só português, mas entendiam espanhol; um argentino que falava espanhol e inglês; um americano que só falava inglês; e eu, que arranhava os três idiomas.
A reunião transcorreu em três idiomas, assim, quando alguém falava em inglês, havia necessidade de traduzir para o português; se falavam em espanhol, traduzia-se para o inglês; se diziam algo em português, traduzia-se para o inglês.
No calor da conversa, num certo momento, o argentino disse algo em espanhol e meu amigo inglês apressou-se a virar para o colega americano e traduziu... para o português !!!! Depois de um momento de espanto, caímos todos na risada. E achamos melhor fazer um intervalo.