domingo, abril 30, 2006

17- PORRE

Quando o inverno finalmente cedeu, e as temperaturas se tornaram amenas, o grande e esperado evento para os jovens daquela pequena cidade americana, onde morei no intercâmbio, era o chamado “spring break”, férias de primavera: uma semana sem aulas! Iam todos (sem exagero, todos) para a praia, a uns 180 km de distância, e o esporte oficial da semana era o que seria impossível fazer em casa: beber cerveja à vontade (as leis sobre bebidas eram rígidas e obedecidas no estado, exceto naquele lugar, naquela semana). Podia-se perceber, pela manhã, o trajeto do caminhão de lixo, pois ao recolher os latões, escutava-se o barulho de centenas de latinhas caindo na caçamba do caminhão.
Estava hospedado, com meu “irmão” Steve (no intercâmbio, morava com uma família a quem me referia como pais e irmãos) numa casa alugada com outros colegas da escola. Lá também a bebida corria solta.
Uma noite o pessoal já tinha passado da conta e dormiam largados pela casa. Eu e uma amiga da escola namorávamos na sala, sóbrios (por excesso de responsabilidade ou falta de coragem, não sei), quando Steve aparece na porta do quarto, zonzo e de olhos vidrados como um legítimo bebum.
Parou, olhou para nós, murmurou algo incompreensível e dirigiu-se cambaleante para a cozinha, separada da sala apenas por um balcão. Minha amiga e eu acompanhamos seus passos trôpegos. Ele abriu a porta da geladeira e fez menção de mexer na calça. Demorei alguns segundos para perceber o que estava para ocorrer. Quando me dei conta, saltei correndo, segurei-o pelas costas e o empurrei até o banheiro, onde o deixei, de frente para o vaso sanitário. Voltei às gargalhadas para a sala e rimos de chorar por um bom tempo. Confundir a geladeira com a privada era hilário demais!
Minutos depois, como ele não saia do banheiro, voltei lá para ver se ele não estava passando mal. De maneira alguma, mãos na parede, zíper aberto, ele dormia calmamente, em pé, de frente para o vaso. Eu o empurrei novamente para a cama e lamentei não ter uma maquina fotográfica em mãos.
Steve nunca admitiu ter passado por esta situação, que só eu e minha amigas tivemos o privilégio de presenciar. Esta cena ajudou a tornar aquela semana inesquecível!

quarta-feira, abril 26, 2006

16- PAIXÃO

A primeira paixão... Ah... a primeira paixão!!!
Tinha por volta de 8 anos e freqüentava a igreja, onde também freqüentava a minha primeira paixão: cabelos claros e lisos, robusta sem ser gorda, alegre, um ano mais velha (na minha idade era um tempão), simpática, minha amiga, prima de um grande amigo... caramba!!! Que sufoco, esconder tudo no peito e só admirar cada gesto, cada olhar, cada palavra...
O tempo passou, mudamos; eu de bairro, ela, de cidade. Adolescentes, recebi a noticia da morte da sua avó, e meu pai iria ao enterro. Dei um jeito e fui também.
Encontrei-a no cemitério, triste e chorosa. Pus-me a seu lado, segurei sua mão, e não disse muita coisa. Assim que o caixão começou a ser coberto pela terra jogada pelos coveiros, ela quis dar uma volta. Saímos pelas alamedas do cemitério, um daqueles cheios de túmulos, lado a lado, sem nenhum atrativo. Caminhamos em silêncio, mãos dadas. Depois de um tempo começamos a conversar sobre nossas vidas, o que cada um fazia, etc. Ela voltava a chorar um pouco, e eu a abraçava, e a deixava chorar no meu ombro.
Voltei pra casa tão deslumbrado com a experiência, que não consegui me aquietar a não ser depois de escrever um pequeno poema sobre o reencontro e meu sentimentos (“Depois que te vi...” começava).
Passamos a nos escrever vez ou outra. Fui visitá-la numas férias, com minha irmã e uma outra amiga. Percebi que não seríamos mais do que amigos do passado. De qualquer forma, valeu. Aquele sentimento bonito e ingênuo ficou registrado no peito.

segunda-feira, abril 24, 2006

15- VENDO A MORTE DE FRENTE

“A near death experience”. É assim que os gringos se referem a uma situação na qual a gente vê a morte de perto.
Minha mulher e eu viajávamos no pequeno monomotor de um empresário amigo em direção a Gramado. No avião, além de nós três, ia o piloto e um professor de teologia, muito amigo do empresário. Saímos de Londrina com tempo bom, e voamos gostoso, batendo papo, sobre as terras paranaenses e catarinenses até atingirmos a serra gaúcha. O tempo mudou rapidamente, e fomos avisados pelos controladores de vôo que previam o fechamento em breve dos aeroportos da região, devido à nebulosidade.
Ao chegarmos em Gramado, já não se via nada acima ou abaixo de nós; eram só nuvens por todo o lado. O piloto disse que ia baixar bastante para fazer contato visual com o aeroporto, pois não poderia aterrisar por instrumentos. Fomos baixando por entre nuvens - exceto pelo piloto - sem noção de onde estávamos, imersos no branco acinzentado até que, por uma fresta na cortina branca, vislumbrei ao meu lado, como se fosse ao alcance do braço, uma parede verde escura e sólida; a encosta de uma serra. Levamos um grande susto por estarmos tão próximos do solo, e por ele não estar abaixo de nós, e sim, ao lado, como uma parede que surgia de baixo e desaparecia no alto. A uma ordem do empresário, o piloto arremeteu para cima e logo o céu surgiu, azul e ensolarado acima de nós.
Visto que não poderíamos aterrisar em nenhum outro aeroporto da região, só nos restou voltar para Sta. Catarina, onde o tempo estava bom, e descer numa cidade pequena, para passar a noite, abastecer o avião e voltar no dia seguinte para Londrina.
A viagem pode ter sido frustrada em seu objetivo, que era chegar em Gramado, mas realmente foi uma experiência de vida profunda e valiosa. A possibilidade concreta de morrer espatifado na montanha fez-nos encarar medos, valores e sentimentos que poucas vezes tínhamos tido a chance ou a coragem de enfrentar. Conclusão: não tenho medo de morrer, mas sou muito grato a Deus por estar vivo!

sábado, abril 22, 2006

"Daquilo que eu sei..." de Ivan Lins/Vitor Martins

Daquilo que eu sei
Nem tudo me deu clareza
Nem tudo foi permitido
Nem tudo me deu certeza

Daquilo que eu sei
Nem tudo foi proibido
Nem tudo me foi possível
Nem tudo foi concebido

Não fechei os olhos
Não tapei os ouvidos
Cheirei, toquei, provei
Ah! Eu usei todos os sentidos

Só não lavei as mãos
E é por isso que eu me sinto
Cada vez mais limpo
Cada vez mais limpo...

quarta-feira, abril 19, 2006

14- HONESTIDADE

Morando há pouco tempo no interior com a esposa e dois filhos pequenos, a mais de 200 km do restante da família, a adaptação a esta nova situação não estava fácil. Ainda mais porque havia comprado meu primeiro carro, e ele havia provado ser uma porcaria, um péssimo negócio. Quando consegui trocá-lo pelo meu “abacatomóvel” - meu fusca verde de 12 anos - senti-me um vencedor. O carro era confiável, econômico, e resistente. Só não era bonito e confortável, mas isso não me incomodava. Eu o utilizava diariamente para trabalhar.
Portanto, foi uma grande decepção quando meu carro, de repente, começou a fazer um ruído enorme no motor, ruído esse que aumentava com a aceleração. Pensei: “É pistão quebrado, cilindro rachado, alguma coisa grave assim!” E fui direto para a oficina.
Mal cheguei, o mecânico veio me atender e nem precisei falar nada, o som do motor dizia tudo. Disse: “Sei que isso vai te dar trabalho, e vai me dar despesa, mas não posso ficar sem o carro, portanto vou deixá-lo aqui, você vê qual é o problema, diz o preço, e faça o conserto”. O mecânico pediu-me para desligar o motor, foi até a traseira, abriu o capô, olhou, mexeu, fechou o capô e, mãos nas costas, pediu que eu ligasse o carro.
Nada!!! O motor pegou, mas nenhum ruído estranho saiu dele. Aturdido, perguntei o que ele havia feito. Ele mostrou as mãos, segurava uma enorme folha de jornal todo amassado. Aquilo havia entrado na ventoinha de refrigeração do carro, e as pás do ventilador raspavam o papel fazendo aquele barulho ensurdecedor. Tivesse o mecânico más intenções, e ele poderia ter ganho um bom dinheiro às minhas custas, sem fazer nada. Mas ainda existe esperança neste mundo!

segunda-feira, abril 17, 2006

13- SEXTO SENTIDO ?

Um dos meus cinco primos estava muito doente. Nós nos dávamos super bem, afinal a distância entre o mais novo e o mais velho era de apenas 6 anos. Assim, crianças e adolescentes, fomos todos ao mesmo tempo, curtindo e passando pelas mesmas fases. Eram tardes e mais tardes de domingo, ou em dias de férias, brincando das mais variadas formas, e, algumas vezes, brigando também.
Este era um ano mais velho que eu. Aos quarenta e poucos anos, tinha câncer. Apesar de não ter uma ligação maior com ele do que com os outros, nossa convivência era mais fácil, alegre; e nosso relacionamento, mais leve e profundo.
Apesar de toda a luta (e como lutava pela vida!), a doença o venceu. Hospitalizado, morreu durante noite. Eu dormia em casa, a 100 km de distância do hospital. Acordei no meio da noite, absolutamente sem razão aparente; totalmente desperto, sentado na cama, olhei o relógio – madrugada - pensei no meu primo e deitei-me novamente. Bem cedo, meu tio me liga para avisar da sua morte durante a madrugada. Só consegui murmurar: “Eu sabia...”

quarta-feira, abril 12, 2006

12- MERGULHO

A caminho do trabalho, percorro a Rodovia Castelo Branco, de São Paulo a Tatuí. É cedo, por volta das 8 da manhã, e meu fusquinha não me permite andar a mais de 100 km/h. Na descida, um ônibus passa por mim, e mais adiante uma pequena elevação o esconde de mim. Chego ao alto da elevação poucos segundos depois do ônibus, e não o vejo na estrada que se descortina à minha frente... “Estranho! Não há nenhuma saída neste trecho, onde foi parar o ônibus?!” Chego à ponte sobre o rio Sorocaba e percebo que o caminhão que vem em sentido contrário buzina, gesticula e diminui a velocidade, como se fosse parar. Olho pela ponte. Lá, cerca de dez metros abaixo, está o ônibus, enterrado pela metade no rio. Paro no acostamento e corro pela encosta até a margem do rio. O ônibus está só com a parte dianteira para fora da água, e o motorista, machucado, mas vivo, está preso às ferragens, suplicando que o tirem dali. O caminhoneiro está ao meu lado e diz: “Eu tenho corda no caminhão. A gente pode ir até o ônibus, amarrados à corda e trazer quem estiver lá. Você sabe nadar?” Respondo afirmativamente e ele logo está de volta com a corda. Dois ou três outros motoristas já haviam se juntado a nós e combinado que um iria buscar socorro logo adiante, enquanto os outros nos ajudariam segurando a corda. Pulamos de cuecas nas águas barrentas do rio e chegamos até o motorista, que nessa hora já está com a água pela cintura. “Tem mais gente no ônibus?”, perguntamos. A negativa não nos convence, pois ele, desesperado, só quer que o tiremos dali o mais rápido possível. Resolvemos dar uma busca, e mergulhamos ônibus adentro, tateando pelos bancos imersos, rezando para não tocarmos em nada humano. A água barrenta impede a visão, e somente indo de banco em banco, apalpando cegamente é que podemos verificar. Convencidos que não há mais ninguém, amarramos a corda na cintura do motorista, soltamos as ferragens que o prendem, e o grupo, já de mais de uma dezena de pessoas, que se aglomera na margem, puxa-o. Nado de volta, pego minhas roupas e me visto. O motorista já tinha sido carregado para um carro que disparou em direção a Tatuí. Ao chegar no meu carro, a policia rodoviária se aproxima. Digo ao policial que o motorista era a única pessoa a bordo, que já tinha sido levado e que aparentemente só tinha ferimentos, não muito graves, nas pernas. Afasto-me rapidamente para não ser envolvido pela burocracia e perder mais tempo. Retomo a viagem, atrasado, molhado, sujo de barro, tremendo de frio e de nervoso, mas sentindo-me leve, muito, muito feliz por ter tido a chance de ajudar alguém em situação tão grave.

segunda-feira, abril 10, 2006

11- QUANDO SOU CHEIRO...

Todos reunidos em círculo, no acampamento, para a oração do dia. Os escoteiros, entre 12 e 16 anos, impecavelmente vestidos com seus uniformes cáqui, divididos em quatro “patrulhas” de oito integrantes, com seus “monitores” a comandá-los com rígida disciplina.
Um acampamento escoteiro é o ápice dos preparativos e atividades que os escoteiros realizam semanalmente, aprendendo preciosas lições que não se ensinam nas escolas. É a oportunidade de colocar em prática tudo o que sabem, desde montagem de barracas, e preparação de comida aos divertidos e competitivos jogos escoteiros.
O chefe tira o chapéu e convida o grupo à oração. Todos acompanham o chefe, tirando seus chapéus e inclinando a cabeça. Começa a oração, e pouco depois, bem no meio dela, um dos escoteiros dá um gemido baixo, e exclama, entre baixinho e gritado: “Num guento mais!” Um sonoro “pum” ecoa pelo círculo, fazendo com que explodissem risos, contidos em alguns, soltos em outros, acabando irremediavelmente com a solenidade da ocasião.

sexta-feira, abril 07, 2006

10- MACHU PICHU

“Loucura! Não há argumento neste mundo que prove qualquer sentido em passar pelo que estamos passando!” Mesmo assim, caminhávamos... Passos lentos e curtos, ritmados, quase como em câmara lenta... O ar, apesar de inspirado com força, não fornecia o oxigênio necessário... A ladeira, estreita e sinuosa, mesmo pouco inclinada, parecia uma barreira vertical. Aos poucos, muito pouco, os picos nevados aproximavam-se e descortinava-se uma vista espetacular. Caminhar de 2.800 m de altitude até 4.200 parecia algo inatingível. Caminhar, por horas a fio, parando por breves instantes para beber água e respirar profundamente, era o que fazíamos há dois dias... E ainda faltava tanto!
Por incrível que pareça, a pessoa responsável por todo este sofrimento não estava conosco. Um mal estar da filha poupou-a de nos acompanhar nesta caminhada de 4 dias pela “Trilha Inca”, entre Cuzco e Machu Pichu, Peru. Assim, não podíamos xingá-la, só nos restava ir adiante. Era julho de 2003, Elaine e eu, 2 casais e a filha de um destes fazíamos uma viagem mágica pelos Andes bolivianos e peruanos. A caminhada era o clímax.
À noite, no acampamento, dormíamos em barracas, dentro de sacos de dormir bem quentes, depois de uma boa refeição, e, mesmo sabendo que o dia seguinte nos esperava martírio igual, a sensação era muito boa. Além da deslumbrante paisagem, a caminhada, em si, trazia a emoção da aventura, do perigo, da descoberta, do conhecer-se melhor.
No dia em que atingimos o ápice de 4.200 m de altitude, depois de 5 horas de caminhada, sabíamos que havíamos ultrapassado o que pensávamos ser nosso próprio limite físico e mental. Bráulio, nosso companheiro de caminhada, estava extenuado. Faltando pouco mais de 30 m de trilha, a 2 m de atingir o cume, Rita, sua mulher, desaba e diz que não dá mais um passo. Depois de descansar um pouco e receber o incentivo de quem já estava no alto, eles retomam o passo. Ao alcançar o pico, nos abraçamos, e Bráulio chega à beira da longa ladeira e grita, berra com todo fôlego que sobrou um enorme palavrão. No local, além de nós, há vários pequenos grupos de caminhantes, de várias nacionalidades. Todos caem na risada, sabendo, não o significado, mas o que ele realmente queria dizer.

quarta-feira, abril 05, 2006

9- FERA FERIDA

Moleque, gostava de passar férias na casa dos avós, em Santos. Lá, possuía um lugar exclusivo no quintal da casa, onde o tronco de uma goiabeira se curvava e eu podia sentar-me como se estivesse num banco, acima dos telhados, os pés balançando, o chão a 5, talvez 7 metros abaixo. De lá podia fazer muitas observações curiosas e interessantes, pelo menos para mim, um garoto de 8 anos de idade. Uma delas foi perceber que os gatos (havia muitos) da vizinhança gostavam de passar pela calçada do quintal aparentemente desapercebidos da minha presença. Com intenção de assustá-los para que não mais viessem ali, pois minha avó reclamava do cheiro de urina e fezes deles, preparei uma armadilha. Assim que um deles passou em direção ao fundo do quintal, desci silenciosamente da árvore e fui atrás dele com um cabo de vassoura. Ao ser surpreendido, o gato se apavorou e partiu correndo em direção ao muro, calculou mal o pulo e levou um tombo, caindo de volta no quintal a poucos passos de mim. Parei, surpreso, pois para mim a perseguição acabaria com o gato sumindo pelo muro do vizinho. Enquanto eu imaginava o que fazer (cutucar com o pau, dar uma paulada, cercar a saída... hummm...), o gato simplesmente pulou na minha direção, disposto a me enfrentar com unhas e garras; me encolhi e o bicho passou feito foguete, “voando” pelo quintal e desapareceu pelo muro do lado. “Uau!!! Esse gato não volta mais aqui... espero!!!” É melhor não encurralar ninguém, nem mesmo um bichano, ele vira fera!

domingo, abril 02, 2006

8- RODOPIO

Voltávamos do Rio de Janeiro, meu primo e eu, depois de uma semana de passeio no verão. Meu pai havia emprestado o carro (um WV-TL com dez anos de uso) que estava em bom estado e a estrada, a Via Dutra, permitia uma boa velocidade cruzeiro (naqueles tempos, algo em torno de 80 a 90 km/h!!!).
De repente, chuva. Uma chuva de verão, forte e rápida, que deixou alguns pontos empoçados na estrada. Ao passar por um deles, senti o carro aquaplanar e ao retomar o contato com o asfalto, o carro quis sair do rumo. Ciente do perigo, não pisei no freio e tentei manter o carro na rota, sem sucesso. Meu primo, ao perceber o que estava ocorrendo, segurou o volante tentando me ajudar e gritou, vendo que o carro girava: “Hang on there!” - assim, em inglês mesmo – até hoje ele não sabe porquê, e giramos pelo canteiro central, atravessamos a pista contrária e paramos, miraculosamente incólumes, no acostamento oposto. Saí, atordoado, do carro, enquanto uma enorme carreta passava por nós, buzinando, e fazendo sinais para saber se estávamos bem. Dei um “ok” sem graça e meu primo dava voltas no carro dizendo: “Não aconteceu nada, só sujou de barro e grama!” Um olhou pro outro, e sem uma palavra entramos no carro, mas agora, ele estava ao volante. Depois de duas ou três horas viajando, concluímos que o melhor seria eu voltar a dirigir ali mesmo, na Via Dutra, ou poderia ficar traumatizado e ter dificuldade para voltar a dirigir em estrada. Assim, quando chegamos em São Paulo, eu dirigia o velho fusca como se nada tivesse ocorrido, mas o “hang on there!” tornou-se código para boas gargalhadas.