terça-feira, setembro 11, 2007

85- ENFRENTANDO A JUSTIÇA

Foram anos felizes aqueles passados na Rua Canindé, no charmoso e tranquilo bairro do Jardim Paulistano, em Sorocaba. As crianças iam à escola ali perto e brincavam com os vizinhos, uma turminha formidável de excelentes meninos e meninas.
Um dia resolveram jogar volei, ali mesmo na rua, e fizeram a rede com uma cordinha esticada de um lado ao outro da rua. Quando algum carro se aproximava, o jogo parava e erguiam com uma vara o cordão para o carro passar.
Um garoto da vizinhança, que não fazia parte da “turma” aproximou-se de bicicleta. A pequena inclinação da rua permitia que alcançasse uma razoável velocidade. Em vão as crianças tentaram avisá-lo do perigo. Ele não viu a cordinha e chocou-se contra ela no pescoço, levando um tombo e ferindo-se sem gravidade. As crianças, assustadas, acorreram acudir o garoto, que ficou bravo e foi pra casa chorando.
Meses depois, recebi em casa uma intimação da justiça para que meu filho, de apenas 10 anos, comparecesse à promotoria. Fomos, Elaine e eu, junto com o garoto, recebidos por uma jovem promotora, que, muito séria, disse que estava investigando uma acusação ferimentos provocados a uma menino e que meu filho estava envolvido no caso e deveria prestar depoimento. Dissemos que ele prestaria qualquer informação que pudesse. Foi quando a promotora sugeriu que iria interrogá-lo a sós. Afirmei que o menino estava sob responsabilidade dos pais, por ser menor de idade, e os pais responderiam por ele. Portanto, qualquer interrogatório seria feito com nossa presença. Ela insistiu, quis dar a entender que quem decidia era ela, não eu; que eu me recolhesse à minha insignificância de pai de infrator.
Fiquei uma fera – quem já me viu furioso sabe o que isto significa – quase pulei no pescoço da “autoridade”. Na época, trabalhava na Secretaria da Criança e do Adolescente e conhecia o Estatuto “decor e salteado”. Sabia que ela não podia agir assim, por isso, finquei o pé.
Para evitar um escândalo maior, a Elaine veio em seu socorro e sugeriu que ela entrasse com o filho na sala da promotora. Eu esperaria do lado de fora. Eu assenti e a promotora não teve jeito, senão aceitar também. Passaram-se meses e recebemos nova convocação. Ao chegarmos ao forum, outra promotora nos recebeu. Olhou para o Rica e perguntou a idade dele. Quando soube, murmurou “tá tudo errado”, olhou-nos com misto de pena e contrariedade e disse: “desculpe-me, ele não é adolescente, não deveria ter sido intimado dessa forma, a colega – promotora substituta – fez tudo errado. Vou anular o caso e pedir o arquivamento desse processo imediatamente. Está bem assim?”. Nós consentimos e votamos pra casa aliviados e felizes. Mas pensando: não fosse a incompetência da primeira promotora, não precisaríamos ter passado por nada disso!!!

4 comentários:

Alex Liki disse...

Que absurdo.....a justiça nesse país não existe.......
Que bom que no fim as coisas terminaram bem.

abração

Nina Bezerra Batista disse...

Bom dia
Visitei seu Blog e gostei muito, principalmente esta frase:

"Lembranças: Vivemos duas vezes: uma, quando vivemos, outra, quando nos recordamos".


é de sua autoria?

com um abraço
nina
www.fotolog.com/ahninin

Nina Bezerra Batista disse...

ah! Sou uma pessoas de muitos pseudônimos, rsrsrsr

boa tarde

Nina Bezerra Batista disse...

Gostaria que entrasse em contato comigo pelo e-mail:

cantharys@yahoo.com.br

nina
www.fotolog.com/ahninin