quarta-feira, agosto 01, 2007

79- APEGO À BRASILIDADE

Ao chegar nos EUA como estudante de intercâmbio, em 1970, tinha a companhia de 150 brasileiros. Fomos alojados no campus da Hofstra University, em N. York, com mais de 500 intercambistas de outros 30 países.
Depois de três dias de reuniões de orientação e muita confraternização, chegou a hora de cada um ir para uma cidade, uma família, pelos próximos doze meses. Percebemos, então, que aquele convívio com brasileiros - barulhento, alegre e bagunçado – acabara, e estávamos destinados à solidão da “american way o life” por um longo ano. Este fato mexeu com as emoções de todos nós.
Eu havia feito amizade com alguns brasileiros, mas nenhum deles iria ficar próximo da cidade onde eu iria morar, Salisbury, Carolina do Norte. Uma das meninas do grupo estava com mais medo do que eu, porque o inglês “era grego” pra ela e sentia-se entrando num mundo desconhecido e apavorante. Fiz-lhe companhia neste último dia, tomamos café-da-manhã juntos e levamos nossas malas para o ponto de saída, à espera do transporte que nos levaria aos nossos destinos. Ficamos no gramado próximo, conversando sobre “coisas do Brasil”, nossas famílias, amigos e tudo aquilo que nos era tão querido e que estava tão distante – no tempo e no espaço.
Ficamos assim, conversando, chorando, consolando e na hora de partir, não paramos de nos abraçar, beijar, desejar tudo de bom, prometer manter contato e nos reencontrarmos em um ano.
Finalmente nos largamos, e cada um foi para um lado. Nunca mais a vi...

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