quinta-feira, outubro 11, 2007

90- PHEBO

Meu avô usava o sabonete Phebo. Ele morreu com mais de 90 anos, quando eu estava com vinte e poucos. Uma lembrança forte e aromática que tenho dele é do perfume de sabonete Phebo que ele usava. Não era um sabonete popular. Era caro, tinha uma cor escura, esquisita. Pouca gente usava. Meu avô gostava. E eu, gosto porque me remete a ele. Não era um homem muito aberto, extrovertido, pelo contrário. Era severo. Os filhos pediam "a bênção", beijando-lhe a mão. Ele usava chapéu de lã e paletó escuro. E tinha alguns costumes interessantes. Comia goiaba picada num prato fundo com leite. Bebia um copo de vinho tinto a cada refeição. Como ele morava em Santos, sua casa significava, pra mim, férias na praia. Eu adorava.
Vô Marcílio era médico. E farmacêutico. E dos bons nas duas coisas. Nunca ficou rico. Tinha certa dificuldade com dinheiro e exercia a medicina para ajudar as pessoas, não para enriquecer. Seu pacientes o admiravam. Ganhava sempre muitos presentes: caixas de uva, garrafões de vinho, doces e compotas, lenços e meias.
Mas o que eu mais lembro é do cheiro de sabonete Phebo que ele exalava depois do banho. Huummm...

7 comentários:

Paulo Brabo disse...

Como bom recluso, na pia do meu banheiro, que é inteiramente monástico, você vai encontrar só o velho Phebo - negro, translúcido e enigmático. COMO A ALMA HUMANA!!!

Anônimo disse...

Eu usei o Phebo até que ele começou a me dar alergias e tive que abandoná-lo. Dizem que o Phebo está na alma dos caras iluminados, mas é claro que não acredito nisso.

Vilma disse...

É interessante isso, associar aromas a pessoas, lugares, situações.
Também me acontece isso.
Que bom ter esse perfume agradável para te trazer a recordação do teu avô.
Assim deveríamos nós também ser o perfume agradável de Cristo! :)

Alysson Amorim disse...

Phebo é dos bons! Faz tempo que não me perfumo com um.

neli araujo disse...

Rubinho,

Lendo teus escritos senti muitas saudades do meu avô, que também usava o sabonete Phebo (falávamos que era o sabonete prêto do Vô Maneco). Eu o uso até hoje, e a fragrância durante e após o banho me trás um grande bem estar, só que eu nunca havia relacionado ao cheiro deste avô tão querido...

Ah, em casa também comíamos goiabada picada (o doce) em um prato fundo com leite...muito estranho, mas acho que foi a forma que minha mãe encontrou para que tomássemos leite sem reclamar, rsrsrs
Boa Noite pra você! Gostei do blog!
Neli

Naninha disse...

Lendo seu texto, lembrei que meu falecido pai também usava o sabonete Phebo. Quando fecho os olhos ainda sinto seu perfume.

Eliane Maria

Anônimo disse...

Muito legal seu blog.
Sempre fui interessado em histórias e causos.
Desde menino em Borda da Mata quando morei num hotel por alguns meses...

Procurei sobre Panteras Negras e vim parar nesteblog sensacional.

A internet é tem uma caoticidade boa...

Ps: Só compraria Phevo Odor de Rosas, porém a patroa detesta.