quarta-feira, dezembro 13, 2006

55- FORDINHO BOM DE SONO

Aos cinco, seis, anos de idade, meus avós paternos moravam “no outro lado da cidade”, um percurso de mais hora em nosso “Fordinho 33”. Para lá íamos freqüentemente, aos domingos, depois da igreja, almoçar com os avós e passar a tarde. Eu gostava da casa dos meus avós. Ficava num bairro tranqüilo e bem urbanizado da São Paulo dos anos 50. Meus primos apareciam também por lá e tínhamos chance de brincar pra valer.

Mas no caminho para lá, o balanço do calhambeque, seu barulho contínuo, o calor do meio dia e a falta do que fazer me “sonavam” e eu acabava dormindo profundamente.

Meus pais sabiam que eu acordaria logo, com fome, e por isso deixavam-me dormir só, no carro, quando chegávamos, enquanto o almoço era preparado.

Então eu acordava. Ao longe, vez por outra o som de um carro que vinha e ia quebrava o tranqüilo silêncio do bairro. Havia também o canto de pássaros nas árvores que faziam sombra no carro. E havia paz. Uma paz que me penetra a pele até hoje, ao recordar aqueles dias.

Creio que nunca senti uma solidão tão tranqüila e pacífica como naqueles domingos de sono dentro do “fordinho” do meu pai.

Um comentário:

Alex Liki disse...

Domingos me lembram passeios de carro tbm. Visitas à casa de meus avós, Sol, macarrão com manjericão...
Rubinho, vc me fez lembrar de muitas coisas boas com esse post! :D

abs